Cercado por dois rios, há um ano o município de Ipanguaçu sofria as consequências de enxurradas causadas pelas fortes chuvas que se abateram na região do Vale do Açu, desabrigando famílias e provocando grandes prejuízos. De meados do segundo semestre até os dias atuais o problema que atormenta especialmente os agricultores é o extremo inverso: seca. Ipanguaçu integra a lista de 139 cidades norte-rio-grandenses em situação de emergência provocada por estiagem.
Além da carência de chuvas regulares, o Rio Pataxó está secando devido à inúmeros problemas no canal que o abastece. O duto, que leva água da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves para o rio, está com a estrutura danificada em diversos pontos. Além disso, há inúmeros desvios levando água de forma irregular para propriedades privadas. Ciente disso, a Prefeitura de Ipanguaçu solicitou formalmente em setembro de 2011 ao Governo do Estado, o responsável pela manutenção do canal, que os devidos reparos fossem efetuados. Finalmente, em dezembro do ano passado uma comitiva formada pelo secretário de Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos, Gilberto Jales, pelo secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Defesa Civil, Ivan Fredovino, e técnicos de ambos os órgãos visitaram o leito do Rio Pataxó com o prefeito Leonardo Oliveira. Testemunhando in loco a situação enfrentada pela população local, o secretário Gilberto Jales afirmou que o Estado efetuaria parceria com o município para a limpeza do rio, o que acorreu a partir daquele mesmo mês, e se comprometeu também a tomar as medidas necessárias para regularizar a situação do canal do Pataxó, o que vem sendo aguardado até hoje.
Nesta segunda-feira (16), enquanto o prefeito Leonardo Oliveira buscava agendar uma reunião em Natal com o secretário Gilberto Jales, em Ipanguaçu, os agricultores e sindicalistas se reuniram com representantes da Prefeitura de Ipanguaçu no intuito de, juntos, buscarem uma solução. Segundo Joíldo Lobato, que representou o prefeito Leonardo Oliveira no encontro, é necessária uma medida urgente por parte do governo do estado. “As plantações desses agricultores estão em situação bastante complicada. Precisamos de uma resposta imediata para solucionar o problema, ou esses agricultores terão toda a safra perdida”, teme Joíldo. O agricultor José Maria da Silva, mais conhecido como “Zé tenente”, morador do Sitio Sacramentinho, vivencia esta situação. Segundo José Maria, grande parte do leito do rio está com nível de água muito baixo ou completamente seco. “Tenho dois mil pés de banana e cabeças de gado. Estou driblando essa situação, só não sei até onde vou aguentar. A banana não passa muito tempo sem água”, desabafa preocupado.
Danos
Com 09 quilômetros de extensão, o Canal do Pataxó leva águas da Barragem Armando Ribeiro Gonçalves para o Rio Pataxó, perenizando-o. Em condições normais, o duto possibilita a irrigação de uma área de mais de 2.500 hectares. Sua construção, realizada em parceria pelos governos estadual e federal, custou quase R$ 5 milhões aos cofres públicos. No entanto, além dos desvios irregulares de água, a estrutura apresenta diversas rachaduras, através das quais a água se esvai antes de chegar ao seu destino. Além disso, em abril do ano passado o canal se rompeu. O “remendo” realizado para garantir o transporte de água foi provisório, segundo a própria Caern, e diminuiu consideravelmente a vazão d’água.
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