
São Paulo e Washington, 02 (AE) -
Lula quer mais informações antes de decretar luto oficialBrasília, 02 (AE) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, em conversas por telefone com assessores, que não vai decretar luto oficial enquanto não receber da Aeronáutica e da Marinha informações mais precisas sobre o acidente do avião da Air France que fazia rota Rio-Paris, ocorrido na madrugada de segunda-feira (01). Segundo esses assessores, o presidente não deseja, com essa decisão, alimentar esperanças de que haja sobreviventes do acidente. Apenas pede cautela neste momento.Lula, que está em visita na Guatemala, disse que pretende participar de ato ecumênico em homenagem aos passageiros desaparecidos do voo AF 447 assim que retornar ao País. Assessores da Presidência da República dizem que há uma pressão para que o governo reconheça logo a morte dos passageiros e dos tripulantes do voo. Mas Lula prefere, primeiro, dar atenção ao trabalho desenvolvido pelas Forças Armadas. Nesta terça-feira (02), o presidente foi informado que foram vistos destroços que podem ser do Airbus a 650 quilômetros do arquipélago de Fernando de Noronha.
Especialista da OMM rejeita tese de que raio derrubou aviãoGenebra, 2 (AE) - A região do Atlântico entre o Brasil e África é um dos locais com menor índice de informações meteorológicas do planetaO alerta é de Herbert Puempel, chefe da divisão de aeronáutica da Organização Mundial de Meteorologia (OMM), que destaca porém que dificilmente apenas um fator - como um raio - tenha levado o avião da Air France a uma eventual queda. Segundo ele, há uma preocupação que mudanças climáticas gere no futuro um número cada vez maior de problemas para aviões. A OMM se reunirá amanhã em Genebra com representantes do Comando da Aeronáutica para saber como é que a entidade responsável pelo monitoramento do clima no mundo pode ajudar nas investigações. Puempel, um dos maiores especialistas em questões relacionadas ao clima e condições de voo, confirmou à reportagem que dois aviões que passaram pela mesma rota que faria o Airbus da Air France naquela noite emitiram automaticamente informações meteorológicas ao sistema de computação da entidade. Mas os jatos - ambos da Lufthansa - não estavam equipados para passar informações sobre turbulência. Apenas dados sobre a qualidade do ar e outros dados foram repassados. Hoje, a OMM confirmou que o avião da Air France não fazia parte do sistema que automaticamente registra turbulências ou qualquer outra informação meteorológica. "É uma região difícil do globo, afetada por uma convergência das frentes no hemisfério norte e sul", afirmou Puempel. "As tempestades costumam ser de alta intensidade. Mas, hoje, a única forma de saber a situação da região é por meio de satélites e de aviões que passam pelo local Isso ainda não está sendo suficiente para que possa ter todas as informações necessárias sobre tempestades", disse.
O pesquisador Soluwellington Vieira de Sá:

Casal planejava viajar a Fernando de NoronhaO último contato do Airbus da Air France foi feito quando a aeronave passava pela região do arquipélago de Fernando de Noronha. A área é a mesma onde as autoridades brasileiras concentram as buscas aos destroços do avião.Para o mossoroense Soluwellington Vieira, o local onde as autoridades acreditam ter acontecido a queda da aeronave era um "sonho de consumo" agendado para se realizar. Com várias milhas aéreas acumuladas por causa das viagens a trabalho que fazia durante todo o ano, o mossoroense pretendia aproveitar alguma das próximas folgas do trabalho para viajar com a mulher para o arquipélago e conhecer as belezas naturais."Ele já tinha dito que ia aproveitar as milhas aéreas para viajar até Fernando de Noronha com a mulher. Por coincidência do destino foi exatamente onde ele e os outros (passageiros) sumiram com o avião", conta, segurando as lágrimas, uma das irmãs do pesquisador.
Acidentes anteriores vitimaram potiguaresSeis potiguares estavam entre as vítimas dos dois últimos grandes acidentes aéreos ocorridos no espaço brasileiro.Em 29 de setembro de 2006, 155 pessoas morreram depois de um Boeing 737-800 da Gol Linhas Aéreas, que fazia o voo 1907, entre Manaus (AM) e o Rio de Janeiro (RJ), se chocar com um jatinho Legacy e cair na zona rural do município de Peixoto Azevedo (MT). Entre as vítimas estavam os irmãos Lavoisier Maia e Maria Zilda Maia, que eram do município potiguar de José da Penha e moravam em Manaus. Os dois estavam vindo à cidade natal para participar da festa da padroeira, quando morreram no acidente.No dia 17 de julho de 2007, um avião da TAM Linhas Aéreas, com 176 passageiros, não conseguiu pousar corretamente no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo (SP), e explodiu depois de atingir um depósito de cargas da TAM. Entre os mais de 200 mortos estavam o empresário potiguar Ivanaldo Cunha, 51 anos, sua mulher Zenilda Otília, 44 anos, e os dois filhos do casal, Caio Felipe, 13 anos, e Ana Carolina, 10 anos. A família morava em Natal e retornava de uma viagem de férias a Gramado (RS), quando morreu no acidente.
Dançarina veio para o Brasil passar férias com as amigasSão Paulo, 02 (AE) - Uma médica e dançarina da conceituada companhia irlandesa Riverdance era uma das passageiras do voo AF 447 da Air France que desapareceu na noite de domingo quando ia do Rio para Paris. Eithne Walls, de 29 anos, veio ao Brasil para aproveitar duas semanas de férias com as amigas da época de faculdade, as também médicas Aisling Butler, de 26 anos, e Jane Deasy, de 27. As duas também estavam no avião.Eithne era dançarina artística e de competições. Ela ganhou medalhas em eventos na Irlanda e também no exterior. Em 2000, Eithne entrou para o Riverdance, companhia musical irlandesa que se tornou famosa pelos rápidos movimentos do tronco realizados pelos seus dançarinos, enquanto os braços e pernas pouco se mexem nas evoluções.Eithne permaneceu quase cinco anos no elenco principal da companhia e participou de apresentações no Music City Hall, em Nova York, em Xangai e nas principais cidades europeias. Ela também ficou um ano em cartaz na Broadway, em Nova York, e outra temporada no Gaiety Theatre, em Londres. A dançarina deixou o elenco principal da companhia para estudar Medicina na Universidade Trinity, onde se formou em 2007 No entanto, ela ainda praticava dança nas horas vagas e permanecia realizando espetáculos periodicamente com o Riverdance. Atualmente, ela atuava no Hospital dos Olhos e Ouvidos de Dublin.Foi na faculdade que Eithne conheceu as amigas que viajaram com ela para o Brasil, onde ficaram por duas semanas. Jane Deasy era médica também em Dublin, e Aisling Butler vivia na cidade de Roscrea. HARPISTADe acordo com o jornal turco "Hurryet", também estava no avião da Air France a harpista profissional Fatma Ceren Necipoglu, uma dos expoentes da música clássica da Turquia e professora da Universidade da Anatólia, a principal do país. A música tinha 37 anos e já havia realizado mais de 60 concertos em todo o mundo. A publicação afirma que Fatma veio ao Rio para a realização do 4º Festival de Harpa do Rio e iria retornar rapidamente ao seu país, pois esta é a temporada de exames finais na universidade.
Tempo ruim atrapalha buscas por avião da Air FranceParis, 02 (AE) - Mares tempestuosos e muitas nuvens atrapalhavam as buscas nesta terça-feira pelos destroços do voo 447, da Air France. A aeronave, com 228 pessoas a bordo, desapareceu na madrugada de segunda-feira no Oceano Atlântico.Até agora, não foram encontrados sinais do Airbus, que partiu do Rio de Janeiro na noite de domingo e seguiria até Paris. Um porta-voz militar francês, Christophe Prazuck, disse que o mau tempo dificultava as buscas nesta terça-feira, com nuvens pesadas forçando os aviões de busca a voarem muito baixo e limitando o campo de visão.Prazuck notou ainda que, mesmo se o local da queda for localizado logo, o trabalho das equipes de resgate será árduo. Ele lembrou que a região subaquática é bastante íngreme.O ministro francês de Transportes, Dominique Bussereau, previu uma investigação "muito longa" do caso, que poderia levar "vários dias, várias semanas, vários meses"."Deve ter havido uma sucessão extraordinária de eventos para poder explicar essa situação", disse nesta terça-feira o ministro da Ecologia, Jean-Louis Borloo, que também trata de temas relativos a transporte. Segundo o ministro, a chance de se encontrar sobreviventes agora são "muito, muito pequenas, mesmo não existentes".

Gabinete de crise pode ser montado em NatalDurante a tarde, o movimento na Bant continuou intenso. Há uma expectativa de que um gabinete de crise seja montado na capital potiguar, devido à posição geográfica da cidade. Dois coronéis da Aeronáutica poderiam desembarcar em Natal na noite de ontem, vindo de Brasília e Recife, para a implantação do grupo de gerenciamento. É possível ainda que em Natal seja implementada uma base do Cenipa (Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos), caso possíveis destroços sejam recolhidos e trazidos para a Bant. Os primeiros vestígios do acidente podem ser recolhidos na manhã de hoje, com a chegada de navios da Marinha Brasileira à área de buscas. Todas as informações estão sendo disponibilizadas à imprensa a partir do setor de Comunicação Social da Aeronáutica em Brasília. Para lá foram mandadas as fotografias trazidas por um avião Hércules C-130, que pousou na pista da Bant por volta das 15h. Porém, a FAB não confirma a captura de imagens de destroços do Boeing A330 da Air France. Por volta das 17h um outro avião da FAB, também C-130 voltou de Fernando de Noronha. A aeronave passou toda a manhã sobrevoando as áreas de buscas, e retornou a Natal para que os homens pudessem descansar. Por volta das 19h, a Aeronáutica divulgou uma nota oficial informando que as buscas iriam continuar por toda a madrugada, com três aviões Hércules. A movimentação na Bant também foi intensa por causa do números de repórteres que passaram o dia de ontem por lá. Vários profissionais de veículos de alcance nacionais e internacionais estiveram no terminal de passageiros da base. As notícias eram enviadas pela internet e telefone, para que fossem publicadas quase que em tempo real. A última expectativa da noite era para o retorno dos repórteres à base aérea durante a madrugada. Para a decolagem de uma aeronave americana, que deveria partir para Fernando de Noronha por volta das 3h30.
Radioamador dá a notícia do encontro dos destroços em primeira mãoFernando de Noronha, 02 (AE) - Ele deu nesta terça-feira (02), em primeira mão e ao vivo, a notícia da localização do que seriam os primeiros destroços do AF 447. A FAB depois oficializou a informação. André Sampaio, radioamador premiado e considerado pessoa decisiva para a Ilha de Fernando de Noronha por sua participação em salvamentos de pessoas em mais de 20 desastres aéreos e marítimos nos últimos 20 anos, agiu como de costume. A diferença, segundo ele, é que, em vez de dar entrevista para a TV Golfinho (local), falou para jornalistas de todo o País - que divulgaram a notícia para o mundo.Ainda um tanto assustado com a repercussão do vazamento de uma notícia que os militares não pretendiam divulgar naquele momento - por volta das 7h30, hora de Brasília (8h30 em Noronha) -, André Sampaio não quis mais falar com a imprensa. A Aeronáutica, que já lhe deu a mais alta condecoração que um civil pode receber, a Medalha Santos Dumont, em 2004, teria lhe pedido para silenciar. Em entrevista à reportagem, ele não confirmou a reprimenda. O fato é que, depois de ter divulgado a conversa captada entre as tripulações de dois Hércules C-130 que faziam buscas, juntamente com um avião Casa, não teve acesso a nenhuma outra comunicação. Na conversa, tripulantes disseram ter visto pequenos destroços, mancha de querosene e um objeto que poderia ser uma poltrona, 153 km a noroeste do arquipélago de São Pedro e São Paulo, numa distância de cerca de 800 km do Arquipélago de Fernando de Noronha.