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segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Embrapa joga água fria nos fruticultores

O Rio Grande do Norte, por falta de força política, perdeu a refinaria de petróleo, não terá a Transnordestina e não será surpresa se ficar sem os recursos necessários para duplicar a BR 304, trecho Natal/Mossoró. Sexta-feira, 26, mais uma decepção. O diretor de transferência de tecnologia da Embrapa, Waldyr Stumpf Junior, disse que "hoje, instalar um escritório no RN é humanamente, financeiramente e logisticamente impossível".

O anúncio foi feito durante reunião com fruticultores, Governo do Estado e os pesquisadores da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) em Mossoró. Para Waldir Stumpf, "o órgão federal de pesquisa agropecuária é uma empresa de pesquisa e não de extensão rural". A solução, no entendimento do diretor, seria "qualificar, potencializar e revitalizar as estruturas existentes no País". Mas esta idéia não recebeu apoio dos fruticultores, pesquisadores e muito menos da classe política representando o Governo do Estado.

O diretor-presidente do Comitê de Fitossanidade do Rio Grande do Norte (COEX), Segundo Paula, disse: "Fiquei muito triste com a posição da Embrapa a respeito do pleito de instalação de um escritório de pesquisa em Mossoró. Não iria custar tanto para o Governo Federal e para a região seria muito importante. Ele (Waldyr Stumpf Júnior) colocou um pano de água fria nos sonhos dos pequenos produtores. Isto é muito ruim para o setor da fruticultura."

Segundo Paula disse mais: "Recebemos esta informação com muita tristeza. Beira o descaso. Precisamos de um órgão de pesquisa, principalmente os pequenos produtores, para aprimorar tecnologia conforme as necessidades de nossa região. Isto significa desenvolvimento. As tecnologias reduzem custos e amplia os mercados de consumo. Precisamos de novas tecnologias e seria a Embrapa que iria definir através de pesquisas."

O representante dos produtores discordou do diretor Waldyr Stumpf Junior com relação à descentralização das atividades da Embrapa. Para Segundo de Paula, o problema só não é mais grave uma vez que a maioria dos produtores da região são agrônomos formados pela Ufersa e antiga Esam. "A diversidade de solos, água e clima são indicativos que uma pesquisa realizada numa determinada área não sirva para outra de características adversas", reforçou o professor da Ufersa Porto Filho.

"O que é produzido em Petrolina não serve para cá; cada localidade tem a sua característica de produção", avaliou o pesquisador Porto Filho. O envolvimento dos estudantes seria outro diferencial caso a Embrapa instalasse um escritório na Ufersa. O professor vê com tristeza a desistência da empresa de pesquisa de se instalar em Mossoró. Ele contava com este núcleo de pesquisa para ampliar o leque de oportunidades no Oeste do Rio Grande do Norte.

O reitor Josivan Barbosa destacou que não foi por falta de apoio que a Embrapa desistiu de instalar um núcleo de pesquisa no Rio Grande do Norte. Tanto a Ufersa como a Empresa de Pesquisa Agropecuária do Rio Grande do Norte (EMPARN) se ofereceram para sediar o escritório da Empresa de Pesquisa Agropecuária. O reitor chegou a colocar à disposição da Embrapa os laboratórios da Ufersa, a Estação Experimental e até a cessão de um espaço para a construção da sede. "Mais uma vez estamos abertos para trabalhar em conjunto com as demais instituições parceiras para receber o escritório da Embrapa", afirmou Josivan Barbosa.

Diante do impasse, o secretário de Agricultura, Pecuária e Pesca do Rio Grande do Norte, Betinho Rosado, que propôs a reunião em Mossoró, disse que agora vai reunir a bancada federal e vai reiniciar a mobilização em Brasília para a vinda da Embrapa para Mossoró. "Vamos transferir as discussões para a bancada federal", disse Betinho Rosado, que também se mostrou frustrado com a desistência da Embrapa de se instalar em Mossoró.

Pequenos são os mais prejudicados
A região de Mossoró, que engloba os vales do Açu e do Apodi, reúne as maiores empresas de produção de frutas no sistema irrigado do país. O número de pequenos fruticultores é grande. A Delmont Fresh, com atuação nos municípios de Assú, Ipanguaçu, Carnaubais e Alto do Rodrigues, por exemplo, está entre as maiores empresas do mundo em produção de banana.

Os produtores de melão, abacaxi, melancia atuam principalmente na região de Mossoró, Baraúna e na Chapada do Apodi no Estado do Ceará, com destaque para Limoeiro do Norte. As grandes empresas, conforme observa Segundo Paula, do Comitê Gestor Fitossanitário (COEX), tem profissionais capacitados para desenvolver pesquisas.

Porém, conforme Segundo Paula, os pequenos produtores não dispõem dessas tecnologias e as consequências disso são o encarecimento da produção e a perda de mercado. Para Segundo Paula, a instalação de núcleo de pesquisa da Embrapa na região seria o principal vetor de crescimento da produção de frutas na região Oeste do Rio Grande do Norte.

Cezar Alves
Da Redação do Jornal DeFato.

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