i

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Garoto recebe coração artificial

Clarissa Thomé - Agência Estado


Rio - Patrick Hora Alves, de 10 anos, foi a primeira criança no País a receber um coração artificial. O garoto sofre de uma doença cardíaca rara e precisou passar por uma cirurgia para eliminar coágulos do coração, há 15 dias. Ao fim da operação, o órgão, já enfraquecido, não voltou a bombear sangue para o corpo. Foi necessário, então, instalar o equipamento. O implante foi feito no Instituto Nacional de Cardiologia, em Laranjeiras, zona sul do Rio de Janeiro. Patrick é prioridade na fila de transplante cardíaco.

fábio motta/aeMédicos identificaram coágulos no coração de Patrick Hora Alves, quando realizavam exames para colocá-lo na fila de transplantes
Médicos identificaram coágulos no coração de Patrick Hora Alves, quando realizavam exames para colocá-lo na fila de transplantes
A doença de Patrick foi descoberta dois anos atrás. Ele começou a se cansar ao brincar com os amigos ou praticar esportes. Faltava ar até mesmo para caminhar até a escola. Os pais desconfiaram de algum problema pulmonar. Era cardiomiopatia restritiva hipertrófica, doença que provoca o espessamento e rigidez das paredes do ventrículo, dificultando o bombeamento do sangue.

Por um ano e oito meses, ele foi tratado com medicamentos. No mês passado, ele passava por exames para ingressar no cadastro nacional de transplantes, quando foram descobertos dois trombos (coágulos) no coração. “Tentamos eliminar os trombos com anticoagulantes. Mas começou a haver embolização, que é o mecanismo em que o coágulo se desprende e pode ir para qualquer local do corpo”, explicou o chefe do setor de cirurgia pediátrica e do transplante pediátrico do INC, Andrey Monteiro.

Patrick, foi então, operado para a retirada do coágulo. Nesse tipo de cirurgia, o coração é parado e o bombeamento do sangue para o corpo é feito por uma máquina de circulação extracorpórea. “O coração dele já estava muito sofrido e não foi possível desconectá-lo da circulação extracorpórea”, disse o médico. A opção, então, foi ligá-lo a um coração artificial. A cirurgia levou, ao todo, cinco horas.

Em adultos, o equipamento ficaria dentro do corpo. Em crianças isso não é possível porque não há espaço para as bombas em cada ventrículo - Patrick só precisou de uma, do lado esquerdo. O dispositivo, no entanto, é só um paliativo, por causa do risco. “Ele tomará anticoagulante permanentemente. Se for demais, há o risco de hemorragia. Se for de menos, pode haver formação de coágulos”, explica Monteiro. Há ainda o risco de infecção, pelas cânulas que saem do coração e ficam ligadas ao equipamento.

Patrick permaneceu sedado até o último domingo. Ele sente o peso do equipamento sobre o corpo, mas não sabe ainda que seu coração parou de bater. Nem que permanecerá internado até que um coração compatível apareça. “Para nós foi muito complicado receber a notícia de que ele precisaria de um coração artificial. Mas era o único jeito de manter nosso filho vivo”, disse o funcionário público Luiz Cláudio Alves, de 48 anos, pai de Patrick. “Ele já estava chateado de não poder brincar com os amigos, não corria mais. Não vai ser fácil mantê-lo aqui.”

Alves faz um apelo para que médicos façam a notificação de pacientes com morte cerebral. “Meu filho me pediu um coração. Eu prometi isso para ele”, afirmou. Patrick tem 20 quilos. O doador, para ele, tem de pesar até 50 quilos e ter o mesmo tipo sanguíneo - A positivo. “Ele é prioridade para o transplante”, afirmou Monteiro. Duzentas e trinta pessoas aguardam por transplante cardíaco no País. 

Nenhum comentário:

 
Design by Wordpress Theme | Bloggerized by Free Blogger Templates | Macys Printable Coupons