O Censo 2010 mostrou também que o Brasil se tornou um país urbano. Apenas 15% da população brasileira habitam na zona rural. No Rio Grande do Norte, só 22% dos moradores ainda vivem no campo. Para o diretor geral do IBGE, José Aldemir Freire, existe uma migração da zona rural para a zona urbana, porém, a falta de expectativa de vida, que continua muito abaixo do necessário, também provoca uma fuga de pessoas para os grandes centros.
Na maioria dos municípios potiguares, houve encolhimento da população rural e crescimento da urbana, ainda assim o IBGE considera esse aumento pouco. "A questão é se a população urbana cresce o suficiente para mais que compensar a população rural", disse José.
A estatística mostra que 39 municípios do RN perderam população nos últimos 10 anos. "80% deles têm menos de 10 mil habitantes e não possuem oportunidade de emprego e educação, assim, os jovens acabam migrando para outros municípios", disse José. Um deles é o município de Severiano Melo que em 2000, tinha 10.579 habitantes e em 2010, 5.752 habitantes, um recuo de quase 50% na população. O problema teve a ver com atualização dos limites, que acabou devolvendo várias comunidades aos municípios limítrofes. A Prefeitura perdeu recursos e teve o coeficiente do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) reduzido para o mínimo (0.6).
Pelo levantamento, quem cresceu menos de 14% na última década - número de crescimento do RN em 10 anos -, é porque tem uma dinâmica demográfica pior do que a do Estado. "Isso significa que o município está com atraso em relação ao Estado", enfatiza José Aldemir.
Esses fenômenos atingiram municípios como Apodi, Patu e Alexandria, que registraram pior crescimento entre os municípios pólos do Oeste. Em 2000, Apodi tinha uma população rural de 17.821 habitantes, em 2010, ela recuou para 17.232. Já na zona urbana houve aumento de população, passando de 16,353 em 2000, para 17,545 em 2010. Mesmo assim, em dez anos, o número de habitantes aumentou em apenas 603 pessoas. "Isso é resultado de ausência de crescimento, o que aumenta a migração urbana", endossou o diretor do IBGE.
Para ele, esse dados podem ser aplicados também para os municípios de Alexandria e Patu, que também tiveram suas populações estagnadas na primeira década do século 21.
MELHORIAS
O Nordeste foi a região que mais cresceu no Brasil na última década (11,18%), mais até do que a região Sudeste (10,97%). O Rio Grande do Norte também cresceu em números consideráveis (14,09%), atrás apenas do Maranhão e Sergipe. Para o IBGE, isso é resultado das melhores atuações do governo federal que vem dando mais atenção à região.
Para José Aldemir, os programas sociais impactaram muito para manter a população nos pequenos municípios, do contrário a migração teria sido maior. Os idosos e inscritos em programas como o Bolsa Família é uma fatia significante para a sustentação desse povo. "É melhor manter essa população em seus municípios do que inflando as favelas dos grandes centros", disse.
Fonte: Jornal de Fato
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