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quarta-feira, 24 de novembro de 2010

RN precisa de obras estruturantes

A construção de obras  estruturantes e de prevenção é a única saída para evitar que milhares de pessoas sejam desalojadas ou desabrigadas no Rio Grande do Norte, caso a previsão de um bom inverno venha a se confirmar em 2011. Enchentes pluviais, como ocorreram em 2009, com as cheias das bacias dos rios Apodi e Piranhas-Açu. Mesma coisa é válida para a economia da região, onde empresas de fruticultura irrigada tiveram de diminuir as áreas de plantio por causa das enxurradas.

júnior santosEm 2009 o município de Ipanguassu foi atingido pelas enchentes e muitos ficaram desabrigados
Em 2009 o município de Ipanguassu foi atingido pelas enchentes e muitos ficaram desabrigados
Prefeitos como o de Ipanguaçu, Leonardo da Silva Oliveira (PT), dizem que recursos financeiros para a restauração de infraestrutura e recuperação de casas, por exemplo, “são apenas paliativos que não resolvem o problema das enchentes”.

Leonardo Oliveira diz que uma solução para enfrentar as enchentes, pelo menos em seu município, continua sendo a realização das obras de desassoreamento do rio Pataxó. “Nós temos um projeto, no valor de R$ 27 milhões, que foi elaborado pela Secretaria Estadual de Recursos Hídricos e que se encontra no Ministério da Integração Nacional aguardando a liberação de recursos”, informou ele, o qual afirma estar tentando,  incluí-lo no PAC, o chamado Programa de Aceleração do Crescimento, junto ao governo federal.

Já o gerente Jurídico e de Relações Institucionais da empresa Del Monte, Newton Assunção, diz que a solução definitiva para conter as enchentes do Vale do Açu, por exemplo, “seria a construção da barragem de Oiticica”, no município de Jucurutu, na região do Seridó: “Sem a construção dessa barragem, qualquer medida que se tome, não seria totalmente eficaz”.

Assunção conta que por causa das enchentes de 2008 e 2009, a Del Monte diminuiu em 50% a produção de banana no Vale do Açu, onde chegou a ter 2.200 hectares de plantio, agora reduzido para mil hectares para evitar mais prejuízos, caso não se concretize aquela obra, que se arrasta há décadas e cujo primeiro canteiro de obras foi montado em 1953.

“Espero que isso não ocorra, nem tenha mais cheia, e que o Estado consiga junto ao governo federal construir a barragem para que as empresas possam justificar novos investimentos nos anos seguintes”, disse Assunção.

Para ele, a barragem de Oiticica é importante para barrar o volume de água que vem carreado da Paraíba, onde nasce o rio Piranhas-Açu, “porque de qualquer forma diminui a vazão de água” que cai na barragem Armando Ribeiro Gonçalves, já no Rio Grande do Norte. 

Em decorrência das enchentes de 2009, Ipanguaçu tinha uma necessidade de obter recursos da ordem de R$ 2 milhões para a recuperação de infraestrutura e reconstrução de casas. O prefeito Leonardo Oliveira (PT) disse que foram repassados R$ 1,850 milhão, dinheiro aplicado na recuperação de 65 quilômetros de estradas vicinais, bueiros, cabeças de ponte e passagem molhada, pavimentação de ruas e a reconstrução de 72 casas. “Nós estamos conseguindo agora dinheiro com o governo federal para reconstruir mais 56 casas”, disse ele.

“Mas se chover vamos sofrer os mesmos problemas”, ressalva o prefeito de Ipanguaçu, diante da necessidade de que a Defesa Civil do município tem de remover famílias que residem em áreas de riscos, próximas às margens de rios, como o Pataxó, que banha aquela cidade do Vale do Açu.

Oliveira explica que a maioria das 305 danificadas ou destruídas nas cheias de 2009, precisa ser relocada para um local mais seguro, mas faltam recursos ao município.

Chuvas

A Defesa Civil do Estado levantou que 152.930 pessoas foram afetadas pelo inverno rigoroso, em 48 municípios do Rio Grande do Norte, sendo que 3.023 foram desabrigadas porque tiveram suas casas danificadas ou destruídas. Outras 9.651 pessoas foram desalojadas ou deslocadas de suas casas, enquanto as águas não baixavam de volume.

Em 31 de julho daquele ano, a Defesa Civil tinha dados apontando que o prejuízo material chegou a R$ 75,19 milhões. Mas, somente R$ 30 milhões foram disponibilizados pelo Ministério da Integração Nacional, recursos repassados aos municípios através do governo estadual.

O município que necessitava da maior demanda de recursos era Upanema, cerca de R$ 8 milhões, cuja maior parte -  R$ 7,14 milhões – seria destinada exclusivamente para a restauração de 133 km de estradas vicinal, estadual ou federal, porque lá só houve a danificação de quatro casas e dois prédios públicos.

Fonte: Tribuna do Norte

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