Com casos confirmados em estados vizinhos, RN inicia preparação para lidar com superbactéria
Embora ainda não haja nenhum caso confirmado de pacientes no Rio Grande do Norte atingidos pela superbactéria, nome popular dado à KPC (Klebsiella Pneumoniae Carbapenemases), o Laboratório Central (Lacen) Dr. Almino Fernandes, em Natal, está investigando exames levados do Hospital Walfredo Gurgel. As amostras foram isoladas por terem detectado padrões de sensibilidade diferentes dos comumentes encontrados.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a superbactéria já contaminou 183 pessoas em Brasília, resultando em 18 mortes. Na Paraíba, 18 casos foram confirmados e no Ceará, 150 foram notificados e estão em investigação no Laboratório Central (Lacen) de Fortaleza. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determinou, nos últimos dias, que os órgãos locais de saúde realizem a notificação compulsória dos casos suspeitos e confirmados.
Prevenção
Segundo a infectologista Rosângela Morais, responsável pelo Núcleo de Vigilância em Saúde do hospital, "é poucoprovável" que não existam casos da superbactéria em todos os estados do Brasil e lugares do mundo, atuais ou iminentes. "Mais importante que saber ou não onde há, é os serviços de saúde ligados à microbiologia e infectologia terem controle e protocolo nas ações e os hospitais seguirem à risca as orientações de higiene e sanitárias", avaliou a médica.
A infectologista ressaltou o que outros especialistas já haviam dito em entrevista ao Diário de Natal: há muito tempo, a sociedade vem anunciando a existência de não apenas um, mas vários tipos de bactérias superresistentes. "Cinco anos depois do surgimento da penicilina, em 1945, já existiam organismos resistentes. É a lei da sobrevivência das bactérias", disse.
Outro dado já mencionado por médicos da área e ressaltado por Rosângela é o de que o uso irracional de antibióticos, sobretudo fora dos hospitais, tem contribuído significativamente para o processo e a capacidade de mutação das bactérias. "Esses medicamentos devem ser usados em casos reais de infecção,e não em qualquer crise de garganta, como muitas pessoas fazem, por conta própria".
Desde 1999, a Organização Mundial da Saúde (OMS) vem alertando sobre o uso moderado dos antibióticos, em função da alta resistência das bactérias e do crescente hábito da automedicação. "O Brasil, felizmente, tem pesquisado muito esses microorganismos, no intuito de conhecer melhor a biologia molecular e os mecanismos de defesa dos seres", disse Rosângela.
Fonte: Diário de Natal
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