Negligenciadas pela sociedade, crianças passam o dia a pedir esmolas e usar drogas
O sinal fechou, os carros pararam. Da sombra de uma marquise uma criança se levanta, aproxima-se de um carro e estende a mão num gesto de mendicância. As roupas estão sujas, estragadas, maltratadas, mas não menos que o próprio garoto, que há poucos dias sofreu espancamento da Polícia Militar. As marcas no rosto e na cabeça ainda estão evidentes. Enquanto uma mão está estendida, a outra coça as feridas que ainda não foram saradas pelo sol e pelo vento. O menino da Avenida Jaguarari é um pequeno mendigo que o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que agora completa 20 anos, ainda não foi capaz de retirar das ruas.
Menino recebe dinheiro de passageiro na Avenida Jaguarari. Mau hábito alimenta situação social crítica Foto: Fábio Cortez/DN/D.A Press |
Nas ruas, onde não existem pai nem mãe, eles não apenas pedem esmolas. É lá que eles se alimentam, dormem, são vítimas de abuso, exploração e até de espancamento. É lá também que recebem um verdadeiro aprendizado para ingressar no mundo das drogas e da marginalidade. É por estar nas ruas que eles não têm acesso à escola, embora muitos estejam matriculados em programas sociais como Bolsa Família e Programa de Erradicação do Trabalho Infantil.
A situação de mendicância de crianças e adolescentes pode ser vista em vários pontos de Natal. A Avenida Bernardo Vieira é um dos principais, destacando-se os cruzamentos com a Jaguarari e com a Rua dos Pegas. Foi em um desses cruzamentos que encontramos pequenos mendigos. O menor deles, 11anos, foi vítima de espancamento por policiais que queriam que ele confessasse o roubo a uma academia de musculação. "Eles deram sem eu merecer três coronhadas de revólver na minha cabeça que abriu cortes grandes, fiquei com a cabeça sangrando vários dias", conta a criança. Perguntado porque mesmo passando por isso ainda fica nas ruas, ele respondeu sem titubear: "Prefiro estar aqui do que em casa ou na escola, porque tem dia que ganho nos sinais quase R$ 30 só com esmolas, às vezes dou um pedaço para minha mãe que mora nos Guarapes e fico com o resto para comer.
No mesmo semáforo, outro garoto mais destemido ganha mais.Com apenas 12 anos, o menino surpreende na abordagem aos motoristas. Ele simula tristeza e até chora para ganhar um trocado, depois quando o sinal abre ele volta à calçada, esbanja um sorriso de felicidade, tira um cigarro do bolso e acende sem o menor constrangimento com a reportagem. Com pais residentes no Nova Natal, Zona Norte, ele disse que às vezes vai em casa, quando deixa uns R$ 10 com sua mãe dos R$ 50 que apura diariamente com esmolas nos sinais. O garoto confessou ser viciado em crack para onde vai boa parte do dinheiro que apura.
No mesmo semáforo, outro garoto mais destemido ganha mais.Com apenas 12 anos, o menino surpreende na abordagem aos motoristas. Ele simula tristeza e até chora para ganhar um trocado, depois quando o sinal abre ele volta à calçada, esbanja um sorriso de felicidade, tira um cigarro do bolso e acende sem o menor constrangimento com a reportagem. Com pais residentes no Nova Natal, Zona Norte, ele disse que às vezes vai em casa, quando deixa uns R$ 10 com sua mãe dos R$ 50 que apura diariamente com esmolas nos sinais. O garoto confessou ser viciado em crack para onde vai boa parte do dinheiro que apura.
Fonte: Diario de Natal
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