Por outro lado, crescerá exploração da carnicultura; texto da nova redação deverá ser votado na Câmara nesta semana.
Pela primeira vez desde 1965, a legislação poderá reverter o que hoje se conhece por Área de Preservação Permanente (APP), caso dos manguezais, caso a nova redação do Código Florestal passe pela Câmara dos Deputados nesta semana.
Hoje, no Brasil, a faixa de manguezal mais ameaçada é a área conhecida como apicum, palavra de origem tupi que significa "brejo de água salgada". Os apicuns ocorrem geralmente nas regiões onde as marés têm dificuldade em avançar na costa por encontrar terras elevadas. A água que chega a essas terras se evapora rapidamente e o chão acumula tanto sal que nele sobrevive apenas a vegetação rasteira.
A aparência desolada dos apicuns é enganosa. Seu solo abriga boa parte da reserva de nutrientes do manguezal. Ele também serve de abrigo para os caranguejos na fase final de seu desenvolvimento. É nos apicuns que se instalam as criações de camarão, principalmente no Rio Grande do Norte – além de Ceará e Piauí.
Escavam-se enormes tanques que acabam por mudar permanentemente as características da região. Diz a bióloga Flávia Mochel, do departamento de oceanografia e limnologia da Universidade Federal do Maranhão: "Para aumentarem a produtividade, os carcinicultores enchem os criadouros de pesticidas e antibióticos. Na época da coleta dos camarões, esse material é escoado sem filtragem para o manguezal. Os tanques têm vida útil de, no máximo, dez anos. Depois desse período. os criadores os abandonam e escavam novos tanques, destruindo outra área de manguezal".
No Nordeste, será permitido desmate de até 35% da área de manguezal para a carcinicultura ou salinas. A permuta seduz pela possibilidade de geração de empregos e incremento das exportações do RN.
Em média, o Estado exporta cerca de R$ 10 milhões só em camarão. É um dos líderes do País. O número deverá crescer nos primeiros anos de vigor da nova redação do código para R$ 13 mi, podendo atingir até R$ 16 milhões. Essa indústria emprega 12 mil pessoas no Estado, segundo dados do Sindicato da Indústria da Pesca do Rio Grande do Norte, o Sindipesca.
Por Dinarte Assunção, com informações de Veja
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