No início da tarde de hoje (27) já chegava a 35 o número de famílias assistidas pela prefeitura de Ipanguaçu e pela Defesa Civil do município em decorrência das águas do Açude Pataxó, que chegam a algumas localidades da cidade e invadem um número crescente de casas desde a última segunda-feira (25).
De acordo com a Defesa Civil de Ipanguaçu, os bairros atingidos até esta tarde são dois: Maria Romana e Ubarana. A maioria das famílias que precisaram deixar suas casas optou por abrigar-se em casas de parentes, em áreas não alagadiças ou em municípios vizinhos. Por enquanto, apenas cinco famílias estão em abrigo da prefeitura do município, localizado na comunidade do Baldum. “A prefeitura e a Defesa Civil realizou o transporte de todas as famílias para o abrigo municipal ou para as casas de seus parentes, bem como retiramos de suas casas os seus móveis e demais pertences, todos devidamente armazenados até que esta situação se resolva”, informou Beto Rocha, presidente da Defesa Civil local.
A prefeitura de Ipanguaçu também está realizando triagens com essas famílias, através de diversas secretarias como as de Saúde, Educação e Assistência Social. O objetivo é dar a melhor assistência possível a esses cidadãos nesse momento de dificuldades. “Estamos cadastrando os dados de cada uma dessas famílias, de modo a permitir que essas crianças compareçam às suas aulas e que as famílias tenham todo o acompanhamento de saúde necessário, inclusive de psicólogos, se necessário. Além disso, todas receberão benefícios, como cestas básicas”, afirmou a secretária de Assistência Social Cristina Oliveira.
A preocupante situação de Ipanguaçu pode se agravar. Segundo previsão da Emater, as chuvas na região do Vale do Açu devem se estender até o mês de junho, com picos de precipitações ocorrendo até o mês de maio. Vale resaltar que entre janeiro e abril deste ano já choveu no município mais de 635 milímetros, pouco menos que o volume registrado no mesmo período em 2009, ano em que ocorreu a última grande enchente na região.
Além da sangria do Açude Pataxó, que aumentou mais de 56% de ontem para hoje, os ipanguaçuenses estão também preocupados com a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves, que deve sangrar até o final da semana. “Faltam cerca de 34 centímetros para a sangria da Barragem. A nossa expectativa é que ela ocorra nos próximos dois ou três dias”, afirmou Fernando Santana, chefe do escritório local da Emater.
Com o transbordamento da Armando Ribeiro Gonçalves, agrava-se imediatamente o quadro em Ipanguaçu, com as águas podendo chegar inclusive ao Centro da cidade.
“Quadro poderia ser pior”, diz prefeito
As enchentes em Ipanguaçu têm causa conhecida: o assoreamento do Rio Pataxó. No entanto, apenas nos últimos dois anos começaram a ser tomadas providências no sentido de evitar esses transtornos. “Uma importante obra foi a construção, com recursos próprios do município, de uma parede com mais de 70 metros de extensão em 2009, que tem barrado mais de 90% das águas do Rio, redirecionando-as para outro ponto. Não fosse essa realização, a situação poderia ser bem pior neste momento”, apontou o prefeito Leonardo Oliveira.
Na visão do gestor municipal, o governo estadual tem sido omisso em relação ao município. “Foi elaborado um projeto de macrodrenagem do Rio Pataxó que resolveria esses problemas, no entanto o governo do Estado não deu prosseguimento. Dessa forma perdemos mais que esses importantes recursos financeiros: perdemos a preciosa oportunidade de trazer paz para o povo da nossa terra”, declarou.
O vice-governador do Estado, Robinson Faria, que também responde pela secretaria de Recursos Hídricos do RN (SEMARH), afirmou que anunciará em breve uma posição em relação aos problemas vividos por Ipanguaçu. “Estamos a par de toda a situação, que já dura anos a fio. Ipanguaçu foi um dos primeiro casos que tratamos na SEMARH. A questão é seria e demanda tempo, planejamento e recursos”, disse esta manhã.
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