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sábado, 16 de janeiro de 2010

O Brasil dá adeus a Zilda Arns, a mãe das crianças pobres


A médica pediatra e sanitarista Zilda Arns, que dedicou a vida a salvar crianças da morte será enterrada neste sábado, no cemitério da Água Verde, em Curitiba, numa cerimônia reservada à família. O corpo dela chegou de madrugada e foi levado para o Palácio das Araucárias. Milhares de pessoas foram se despedir da  coordenadora da Pastoral da Criança. Entre elas dois presidenciáveis – o governador José Serra, e a ministra Dilma Roussef, que chegou em companhia do presidente Luiz Inácio da Silva, já no início da noite.

Fábio Rodrigues Pozzebom / ABrVelório de Zilda vai até o início da tarde de hoje, quando será rezada missa de corpo presente, antes do enterro em cerimônia privadaVelório de Zilda vai até o início da tarde de hoje, quando será rezada missa de corpo presente, antes do enterro em cerimônia privada

Ao deixar o velório, Lula declarou que o momento vivido no Haiti não é fácil pois se pode considerar que, além dos 14 militares brasileiros mortos, os quatro que continuam desaparecidos também podem ter morrido. Lula citou ainda “um funcionário brasileiro nas Nações Unidas” (Luiz Carlos da Costa, segunda maior autoridade da ONU no Haiti), que também continua desaparecido. Com relação à morte de Zilda Arns, o presidente disse que “foi uma grande perda para o Brasil e para o mundo”. Para Lula, “todas as pessoas que morreram (em consequência do terremoto) estão simbolizadas na figura de Zilda Arns”.




Lula disse ter dito à família Arns, com a qual se reuniu por 45 minutos no Palácio das Araucárias, sede do governo do Paraná, que nessa hora em que todos choram, o importante é que as ideias de Zilda tenham encarnado na mente dos brasileiros. “Que a partir do exemplo dela todos nós sejamos mais solidários e humanistas”, acrescentou.

O presidente encerrou a entrevista dizendo que tem a certeza de que Zilda não se arrependeria de nada do que fez. “Se voltasse a viver, ela faria tudo outra vez, inclusive voltaria ao Haiti.”

A coordenadora da Pastoral da Criança da Arquidiocese de São Paulo, Maria do Rosário Gazzola, disse que a maior lição deixada por Zilda foi a importância de vincular espiritualidade e trabalho. Sempre que ia visitar a pastoral paulista e tínhamos algum encontro com políticos ou nos dirigíamos a alguma comunidade, ela entrava no carro e nos convidava a rezar pela missão daquele dia. Atitudes que segundo a coordenadora, deixava todos seguros e animados. É com esse ânimo que continuaremos nosso trabalho junto s famílias que moram em favelas, cortiços e acompanharemos as 16,5 mil crianças atendidas pelas seis regiões episcopais da cidade.

Viagem ao Haiti

A irmã Rosângela Maria Altoé, contou ontem detalhes da morte de Zilda Arns, que deveria ter ido ao Haiti em agosto, mas terminou adiando a viagem em função de vários contratamentos.   Emocionada, ela contou que a médica estava feliz com o resultado da palestra, já que os presentes demonstraram muito interesse pelo trabalho das pastorais da Criança e do Idoso. Segundo ela, ao final da apresentação, Zilda Arnas respondeu a várias perguntas de religiosos que participaram do evento. Enquanto a médica conversava com o coordenador do evento, Padre William, a religiosa foi buscar o material da palestra e a bolsa de Zilda.

“Naquele momento, o prédio começou a balançar de um lado para o outro, eu ouvi um estrondo como se fosse uma bomba e em questão de 30 segundos, o prédio ruiu.” Nesse momento, ela disse que subiu tanta poeria que a impedia de respirar. Segundo a religiosa uma laje que caiu a seu lado a impedia de ver o que estava acontecendo.

Ela disse saltou os escombros até chegar rua, sem saber o que acontecia realmente. Ao chegar rua, as pessoas lhe perguntavam por Zilda. Ela ainda quis voltar ao prédio, mas viu que não tinha condição e ali entendeu que seria um milagre encontrar a médica viva. “O que eu vi na rua nunca vou esquecer. Na escola ao lado do prédio eu ouvia gritos de crianças e via o desespero das mães procurando seus filhos.”

Vaticano envia mensagem a D. Paulo Evaristo Arns

Brasília (ABr) - O Vaticano enviou mensagem de condolências a dom Paulo Evaristo Arns, cardeal emérito de São Paulo e irmão da médica Zilda Arns, fundadora e coordenadora internacional da Pastoral da Criança, morta no terremoto de terça-feira  em Porto Príncipe, capital haitiana. Por motivo de saúde, dom Paulo Evaristo não participa do velório da irmã, em Curitiba, no Palácio das Araucárias, sede do governo paranaense.

“A notícia de que umas das milhares de vítimas do terremoto era a médica Zilda Arns, que estava em missão em Porto Príncipe, foi recebida com viva dor no Vaticano”, diz a nota da Santa Sé. O texto destaca que a médica foi morta quando se empenhava na difusão da Pastoral da Criança no país caribenho, que sofre tanto com a pobreza quanto com a violência.

Na mensagem, o Vaticano expressa pesar a dom Paulo, família e a todo o corpo de voluntários da Pastoral da Criança e manifesta a certeza de que a obra generosa da doutora Zilda, inspirada e sustentada nos mais altos valores do Evangelho, continuará a dar frutos para inúmeras crianças e idosos espalhados por tantas regiões pobres do mundo.

FONTE: Tribuna do Norte

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