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terça-feira, 3 de maio de 2011

Chuvas deixam Vale do Açu com 128 famílias desalojadas; fotos


De Fernanda Zauli para a Redação do DIARIODENATAL.COM.BR


Eduardo Maia/DN/D.A Press

Medo. Esse é o sentimento que toma conta dos moradores de Ipanguaçu desde que o rio Pataxó começou a subir e inundou parte da cidade, no dia 24 de abril. Hoje, são quatro bairros alagados, 128 famílias desabrigadas e 13 comunidades isoladas, nas quais só é possível chegar com o auxílio de canoas. No último fim de semana choveu 71,5 mm no município. A média anual de 600 mm já foi ultrapassada e até o domingo passado a cidade já havia recebeido 700 mm de chuvas. Na sexta-feira foi decretada situação de emergência em Ipanguaçu.

Em visita às áreas atingidas pelas cheias, a governadora Rosalba Ciarlini anunciou ontem que o Governo do Estado vai reconhecer o estado de emergência do Vale do Açu. "Já estava acompanhando a situação, mas preferi ver in loco para autorizar a continuidade das ações e adotar novas medidas de apoio às famílias", afirmou a governadora. O decreto do estado de emergência é usado para dar evitar procedimentos burocráticos que o serviço público exige, dando assim celeridade às providências e obras necessárias.

O prefeito Leonardo da Silva Oliveira afirma que após as enchentes de 2009 o Governo Federal liberou uma verba de R$ 1 milhão para ser destinada ao problema do transbordamento do rio, mas o dinheiro foi utilizado apenas para elaborar um projeto de macro drenagem do Pataxó. "Existe um projeto de R$ 27 milhões para a macro drenagem do Rio Pataxó, e enquanto ele não for executado não haverá solução para esse problema", disse.
Segundo Leonardo, em 2009 os prefeitos do Vale do Açu se reuniram e criaram o Consórcio Intergestores do Vale Unido (G12), representado pelos prefeitos de Assu, Ipanguaçu, Itajá, Alto do Rodrigues, Afonso Bezerra, Pendências, Macau, Guamaré, Serra do Mel, São Rafael, Carnaubais, e Porto do Mague, para tentar viabilizar as obras de macro drenagem do rio Pataxó e do rio Piranhas/Assu junto ao Governo Estadual e Federal. "A ajuda do estado só vem depois do estrago consumado, com o objetivo de reparar os prejuízos. Nós queremos garantira segurança da população, e para isso é preciso que seja realizado o desassoreamento do rio. Isso tem que ser prioridade, porque qualquer outra medida será paliativa e emergencial", disse o prefeito.
Ipanguaçu debaixo d'água
Nas comunidades Pau de Jucá, Lagoa de Pedra, Itu, Picada, Porto, Cuó, Luzeiro, São Miguel, Barra, Salinas, Deus Nos Guie, Santa Quitéria e Passagem, todas localizadas na zona rural de Ipanguaçu, só é possível chegar com o auxílio de canoas e cerca de 650 famílias estão ilhadas. De acordo com a assessoria de imprensa do município, 60% da população do município está na zona rural. As famílias que tiveram as casas atingidas pelas águas foram alojadas em abrigos públicos instalados em escolas municipais e estaduais, ou para casas de parentes e amigos. Na cidade, os bairros mais atingidos foram Maria Romana, Ubarana, Manoel Bonifácio e Pinheirão.

Moradores da comunidade rural Luzeiro, o agricultor Valdemiro Alves Martins, 40, e a dona de casa Maria do Socorro da Rocha, 38, enfrentaram a água no joelho para chegar à secretaria municipal de Assistência Social para pedir ajuda. "A comunidade está isolada, é água por todos os lados. Nossa casa só foi atingida pela água no domingo, mas nós montamos uma barraca de lona em uma parte mais alta do sítio e estamos dormindo lá. Nós não podemos sair de lá porque temos galinhas, pato, até uma vaca, e se sairmos o povo pode roubar. Estamos aqui para pedir ao menos uma cesta básica pra gente", disse o agricultor.

A família da dona de casa Maria Cirino da Silva Lima, 63, não teve como permanecer em sua casa, no bairro Maria Romana, e foi levada para a Escola Municipal Professora Maria Rizomar de Figueiredo Barbosa, que hoje serve de abrigo para 12 famílias. Em um local que antes funcionava uma sala de aula, ela organizou os poucos móveis que conseguiu salvar. "Somos oito pessoas aqui, vivendo de improviso, sem ter idéia de quando poderemos voltar pra casa", disse, angustiada. Essa não é a primeira vez que dona Maria é levada com a família para um abrigo. Em 2009, ela permaneceu três meses em um local improvisado pela prefeitura, por causa das inundações. "Todo ano é assim, todo mundo sabe que isso vai acontecer e ninguém faz nada. Os prefeitos prometem daruma casa em outro lugar, tirar a gente de lá, e até hoje nada. Quando a água baixar eu sei que eu vou voltar é pra minha casa velha mesmo, que é a úni ca que eu tenho", disse.

Outras 127 famílias estão na mesma situação de dona Maria. Vivendo em abrigos, esperando a água baixar para voltar para suas casas. De acordo com o coordenador da Defesa Civil de Ipanguaçu, Luiz Alberto da Silva, todas as famílias que estavam em locais de risco foram levadas para abrigos e o órgão permanece de plantão para auxiliar novas vítimas, caso o nível da água do rio continue a subir.

As crianças de Ipanguaçu estão sem aulas desde o início das inundações porque a única escola municipal localizada na área urbana da cidade serve de abrigo para as famílias e os alunos das nove escolas da zona rural não têm como chegar aos colégios. A assessoria de imprensa do município informou que a secretaria municipal de educação está viabilizando palestras e atividades culturais nas escolas que servem de abrigo e que as aulas só serão retomadasquando as famílias retornarem para suas casas e as dependências dos colégios forem desocupadas.

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