As redes sociais, como o Twitter, Facebook e Orkut, foram criadas com o intuito de promover a comunicação de forma dinâmica e interativa entre as pessoas. O que seus criadores não imaginavam é que além do aspecto de entretenimento, elas seriam palco de manifestações populares, que começaram a ganhar corpo no âmbito internacional e hoje estão presentes nas manifestações locais, como os movimentos surgidos no twitter, o "#Rosalbavergonhadorn", "#porquehojeéferiado", o "#ForaMicarla" e o protesto '#combustívelmaisbaratojá'.
O twitaço tomou corpo em meio à comunidade acadêmica da Universidade do Estado do RN (Uern) mobilizando os alunos das instituições situadas em Mossoró e Natal para protestarem contra a gestão do Estado frente à instituição. Esta foi a forma encontrada pelos universitários de apoiarem os professores, que pleitam há bastante tempo o reajuste salarial, e protestarem sobre a nova greve na instituição.
O protesto teve início com as críticas de funcionários da Uern que se sentiam ludibriados pelo governo do Estado, mas logo ganhou a adesão da população que se sente prejudicada pelas medidas tomadas pelos representantes políticos. Enquanto as cobranças no Twitter ganham repercussão nacional, com as matérias sobre os problemas na gestão de saúde do Estado, charges satíricas são compartilhadas no Facebook.
Segundo o professor Gerson Martins, felizmente existem, hoje, as redes sociais para essas manifestações. "A população agora tem um meio, uma mídia, uma forma de comunicação para poder reclamar, protestar e se organizar. Há muitos anos, os grandes conglomerados de mídia monopolizavam a comunicação da sociedade. Com as redes sociais, a população retomou seu inalienável direito de se comunicar, e agora tem força para soar alto suas reclamações e reivindicações."
Para o graduando Dennys Lucas, "as pessoas através destes espaços têm exercido cidadania, ampliado e aprofundado a democracia, colaborando para a efetivação de direitos e reivindicações, assim como levando ao termo o conceito do controle social, tão caro as novas democracias, como mais um instrumento de participação na vida cotidiana, política, da cidade, do Estado e do País"
Se por um lado os especialistas discutem a inegável importância da mobilização da sociedade, por outro eles reveem formas de melhorar sua permanência, intensidade e articulação. Os estudiosos alegam que até mesmo uma situação de revolução social requer um grau de maior organização que vai além dos gestos de indignação e revolta, isto é, mesmo a mudança radical de um regime só pode ser fruto de um processo articulado, coeso e efetivo.
Segundo a Produtora de Conteúdo Online Raivich Alves, apesar de importantes, movimentos como esses ainda são muito pequenos na nossa região.
"As pessoas têm chamado esses tipos de manifestações de "revolução do sofá", pois muita gente se manifesta nas redes sociais, mas não sai da frente do computador, ou seja, não faz nada de fato. Mas acho que a repercussão negativa ajuda. Por exemplo, Domício Arruda teria sido exonerado se não tivesse tido a repercussão péssima que teve a matéria no Jornal Nacional? Eu acho que não. Acredito que se não fosse o Twitter, a situação teria ficado na mesmice", disse a produtora.
O jornalista Marcos Escobar ressalta esse aspecto das manifestações em que muito é dito na teoria e pouco é levado à prática. "O idealismo esta mais presente nas redes do que na vida social. Exemplo disso é o cyberativismo. As pessoas deixam de participar de movimentos sociais presencialmente, e 'abraçam as causas' apenas participando de comunidades nas redes. Os assuntos passam a ser discutidos na internet, e deixa-se de agir aonde é preciso", ressaltou Marcos.
População também utiliza as novas mídias para fazer valer seus direitos de consumidor
A repercussão tomada pelo movimento estudantil '#RosalbaVergonhadoRN' fez com que o assunto assumisse grandes proporções, chegando a ser o tema mais discutido no Twitter em todo o Brasil. Além disso, a grande pressão imposta pelos cidadãos e pela mídia em torno da má gestão do governo estadual fez com que o secretário estadual da Saúde, Domício Arruda, deixasse o cargo na quarta-feira (2).
Mas os movimentos sociais não têm assumido apenas posições políticas, eles também auxiliam os consumidores a lutarem por seus direitos. Um exemplo disso foi o protesto '#combustívelmaisbaratojá', no qual os motoristas e instituições natalenses se manifestaram em prol da redução dos preços dos combustíveis.
Através das redes sociais os participantes combinaram um boicote ao abastecimento em alguns postos situados às margens das avenidas Hermes da Fonseca, Prudente de Morais e Roberto Freire. Com a adesão de grande parcela da população e a realização efetiva do boicote, os consumidores presenciaram a efetiva redução dos preços em um curto espaço de tempo.
"Esta é a importância destes movimentos. Eles são reais, mesmo que venham de uma rede virtual. Logo, a mídia, as empresas e a classe política devem estar atenta, a população está cada vez mais de olho e controlando a vida real de seu sofá, de seu escritório, de onde esteja", ressaltou Dennys.
O Mossoroense
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