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sábado, 22 de março de 2014

IPANGUAÇU PELOS IPANGUAÇUENSES: A CASSAÇÃO, O PREFEITO E O POVO

O direito à opinião nem sempre foi um direito.



Certamente, você leitor, deve ter conhecimento de que o direito a expressar sua opinião publicamente, sendo ela qual for, é uma conquista muito recente nos autos da história do nosso país, conclamada graças a muitas vozes, que ecoaram de muitos lugares. Inclusive dos mais “baixos”: da miséria, da pobreza, do marginalizado, dos socialmente desvalidos e sempre postos à margem do resto. Cientes da nossa história como brasileiros – e, por isso, aptos a opinar sobre o que está expresso no título deste texto – colocamo-nos numa condição de rechaça e pesar no que se refere ao recente afastamento do gestor executivo ipanguaçuense, Leonardo Oliveira. 

Antes mesmo que você construa opiniões egoístas e elitistas sobre o que nos propomos aqui (já que isso é direito seu), lembramos que se dispor a compreender o que ora escrevemos é condição mínima de um sujeito social de préstimo e plenamente cidadão. Força, amigos leitores! Daqui à frente, pelo senso comum ou pelo científico, você terá acesso a um percurso já conhecido – mas que vale a pena ser lembrado – da nossa cidade, levando-nos a certa culminância dos pensamentos: a cassação de Leonardo é também uma cassação aos direitos de uma cidade livre, em desenvolvimento e, em sua maioria expressiva, consciente de como tomou “ares de gente grande” nos últimos anos. Prossigamos.

Se o assunto é história, então comecemos pela do nosso país. O Brasil é uma nação cuja história foi marcada por constantes ditaduras (aquele movimentozinho bem comum onde eu poderia ser preso, torturado ou morto – ou tudo junto – por estar escrevendo isso e, certamente, estar desagradando um segmento qualquer, a alguém mais importante). Ditadura colonial, ditadura imperial, ditadura republicana, ditadura militar... Ditadura para todos os gostos, inclusive o seu, caso goste do “teor” nacionalista, opressor e moralista muito comum ao levante dos ditadores. Muito recentemente isto vem sendo alterado nas terras tupiniquins. Sem muitas delongas: desde quando o PT assumiu o governo federal. Não, não somos petistas. Eu, que vos escrevo, particularmente, não possuo filiação alguma ao partido. A não ser uma. A filiação ideológica, consciente e politizada de como brasileiro perceber os avanços que o país onde vivo, onde nasci, vem experimentando ultimamente. Olavo Bilac diria: “Ora direis ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!”. E nós vos diremos: Ora direis que isto é besteira! Certo enlouquecemos? Loucos são aqueles que mesmo ouvindo a música prendem-se ao pudor de não dançar. A corrupção, os escândalos, as contradições existem, sim, no atual governo brasileiro. Ingênuos seríamos de pensar, ou propor a vocês isso, que a atual linha governista do Brasil é um espectro de perfeição. Na verdade, fazemos questão de lembrar o valor de um governo petista aqui por outras razões. Dentre elas uma em especial: o nosso país nunca – em qualquer momento da sua história – foi tão Brasil como é hoje. Nunca possibilitou tantos caminhos ao povo que realmente é Brasil. Nunca foi tão nosso, como brasileiros, como caminha hoje nessa perspectiva. Aos que discordam, sugiro deixar a revista VEJA de lado, desligar a Globo um pouquinho, parar o culto de endeusamento da colega Sherazade e estudar o que é um governo popular, como isso se constrói, como se faz política com e para o povo. Sugestão apenas. De imposições, vive outra galera. 

Chegamos, pois, a Ipanguaçu. Leonardo Oliveira, prefeito reeleito na última eleição com cerca de 1.800 votos de maioria, está sendo cassado pela justiça eleitoral do estado. Temos visto muitas justificativas de alguns corações um tanto conturbados na nossa cidade. Sinceramente, parece mais uma questão religiosa. Deus, divindade que cultuamos, exemplo maior de amor que temos, está sendo comumente envolvido em justificativas até engraçadas, por assim dizer. Coitado, deve estar revoltado com o uso indevido que as pessoas têm feito do seu nome e o desuso que tem sido protagonizado no que se refere a sua lição maior: amar o outro. Rechaçamos e somos amplamente contrários, como cidadãos ipanguaçuenses, à retirada – mesmo que temporária – de Leonardo Oliveira do executivo municipal. Nossa cidade nunca desfrutou, mesmo em meio a tantas dificuldades, do que hoje possui. E faltaria espaço nesta rede social para apontar exatamente tudo de positivo que Ipanguaçu tem ganhado desde quando Leonardo assumiu a gestão municipal. 
Desfrutamos de uma atenção nunca dispensada ao povo anteriormente. Atenção no que diz respeito a desenvolvimento e não a assistencialismo barato e degradante. Dispomos de uma educação que ainda não é a melhor, mas é incomparável a que era oferecida anteriormente – seja no que se refere ao tratamento dos profissionais da educação, aos materiais dispensados aos alunos, a implementação de novos projetos educacionais, ao estabelecimento de parcerias ousadas para a educação das nossas crianças ou, simplesmente, à compreensão de que a educação, sim, pode mudar o mundo. Uma saúde que é preocupada com o outro, atendimento que atualmente goza de condições melhores que as oferecidas pelo próprio estado do RN. Espaços vitalícios de cultura e promoção da nossa cidade, o que era visto anteriormente como gasto, perda de tempo, caminho errôneo que “não dá voto”. Apoio aos agricultores familiares e demais pequenos negócios do campo que sequer era mencionado. E quando era, configurava-se como mero conchavo de troca vil entre poderes e mandados. Sinceramente, a gente até tenta pensar que essa gestão não é tão boa assim. Mas admitimos: fica difícil quando quem nos manda abrir os olhos, quando quem clama por justiça a Deus, tem testemunhos tão irrelevantes quanto a crítica do invejoso. Como falar da compra de votos, se você defendeu e defende abertamente os maiores artífices dessa política em nosso município? Como denunciar perseguição, se você compôs ou endossou gestões que oprimiram enquanto puderam as pessoas que simplesmente não concordavam com o desmando delas? Com que direito você pode pedir justiça e polimento político, se exatamente você não enxerga que está defendendo a volta de Ipanguaçu à verdadeira Idade Média, ao tempo de gritos, de subdesenvolvimento e de pouco pão. Caríssimo leitor, é preciso, sim, dividir o pão. Mas nós estamos em busca de algo maior: partilhar o caviar. Partilhar entre os ipanguaçuenses o que de melhor há entre os próprios ipanguaçuenses – na educação, na saúde, na economia, na agricultura e em todos os demais setores.

Lamentamos o que a cidade está enfrentando não porque dependemos da instituição “prefeitura” para sobreviver. Todos somos competentes o bastante para sonhar e construir nossas vidas. Caso contrário, os que já não ocupam os pedestais de outrora já teriam definhado. Mas não. Lamentamos porque acreditamos nos esforços ímpares de Leonardo, cuja força está enraizada etimologicamente em seu próprio nome – “bravo leão”. É com esse sentimento de pesar e revolta, mas de profundo otimismo e esperança, que atestamos que não vemos hoje, principalmente dentre os algozes de plantão, ninguém com a competência, com o espírito empreendedor e com a vitalidade necessárias para governar nossa cidade e ajudar nosso povo a desenvolver-se. Demagogia? Cada um opina como quer. Nós chamamos de representação popular, de voz social, de sentimento coletivo. Afinal seria, no mínimo, inócuo desconsiderar que a maior porcentagem de votos numa eleição ipanguaçuense – conseguida pelo prefeito Leonardo – seja expressão legítima do povo. O que está na história, lá está. Não sai mais. Seja um histórico de descaso com a população, opressão dos mais carentes e desleixo com o desenvolvimento; seja um caminho de constantes avanços, constantes conquistas e contínua força de vontade para fazer melhor – não só por obrigação, mas por dedicação a Ipanguaçu. Já que estamos falando de Ipanguaçuense para Ipanguaçuense. Na nossa terra, a voz deve ser do povo. E isso agride as vozes que ecoam dos lados, das adjacências, da onde pouco, quase nada, ou nada mesmo, se tem a contribuir. 

Convidamos aqueles que compartilham da nossa visão a compartilharem nossa mensagem. Chico Buarque cantou: “hoje você é quem manda, falou tá falado, não tem discussão, não”. Somos felizes por tomar outros versos, agora de Carlos Drummond de Andrade, para dizer que, com relação ao passado: “a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou”. Ipanguaçu está crescendo, seu povo crescendo. O que antes era elogiado de fora, muito bem recebido e divulgado, encontra-se hoje aqui dentro: de Nova Descoberta a São Miguel. Em tempo algum, os ipanguaçuenses estiveram tão em evidência: no mundo, no país, mas principalmente, na própria Ipanguaçu. Uma cidade que não canta seu povo de nada prosperará, pois desvalida o essencial: sua gente. Assim são os gestores que escolhemos. Diferente disso é Leonardo Oliveira, que tem garantido uma equidade nunca vista no que tange às oportunidades para o povo e que são demandadas pelo próprio povo. Nossa posição contrária à cassação de Leonardo é clara e seus motivos também: cassá-lo não é só cassá-lo. É, primordialmente, cassar o nosso direito a uma cidade melhor, cassar o desenvolvimento que ora vivemos, cassar sonhos de um lugar melhor para se viver, cassar a paz que temos experimentado, cassar o respeito à dignidade do ipanguaçuense. Por isso, dizemos não à cassação. Sentimo-nos cassados também. O povo sente-se cassado. Aquilo que foi muito difícil de edificar está sendo cassado e ser conivente com isso é querer rememorar tempos onde o direito à opinião, por exemplo, era dilacerado. Daqui para melhor. Retrocesso é morte. E a premissa aqui é outra: não há revolução sem resistência. E pelo não retorno à agonia, resistiremos – ao passo que revolucionamos.

Artigo  extraído do facebook, escrito por André Magri, estudante do curso de letras pela UERN.

 
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