O Rio Grande do Norte corre o risco de uma epidemia de dengue este ano’’.A afirmação é da subcoordenadora de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Estadual de Saúde (Sesap), Juliana Araújo. A chegada do período de chuvas no estado, o armazenamento dágua de forma inadequada - especialmente nas cidades do interior e o lixo jogado nas ruas e terrenos baldios podem contribuir para o surgimento de um novo surto da doença. Outro problema enfrentado para conter os novos casos da doença, segundo Juliana, é o aumento do Índice de Infestação Predial. A maioria dos 167 municípios potiguares estão com o índice acima do preconizado pelo Ministério da Saúde que é de até 1%. Juliana afirma que existem municípios que apresentam o índice atual de 30%. Ou seja, a cada 100 imóveis visitados pelo agente de endemias, 30 apresentam focos do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue. Juliana ainda informou que 80% dos casos notificados no RN, em 2008, foram concentrados em 20 cidades - conhecidos como municípios prioritários. Desde o ano passado essas cidades estão recebendo uma atenção diferenciada por parte da Sesap. A utilização do carro fumacê, o sistema de abastecimento de água e o lixo jogado pela população nas ruas são alguns dos critérios avaliados para tornar um município prioritário. ‘‘Os gestores tiveram que elaborar um plano de ação para combater a doença e receberam capacitação da Sesap’’, afirma. Em 2008 o RN contabilizou 43.812 casos notificados de dengue. Destes, 417 foram confirmados como dengue clássica, 362 como Febre Hemorrágica da Dengue (FHD) e 12 óbitos. De janeiro a abril deste ano foram notificados 1.683 casos, sendo 22 com suspeita da forma hemorrágica da doença e seis óbitos notificados sem confirmação. Uma redução de 1.360,96% se comparando com o mesmo período do ano passado quando foram notificados 24.588 casos. Apesar da aparente redução nos quatro primeiros meses deste ano, Juliana diz que o momento é de cautela e prevenção porque o estado ainda está no período chuvoso. ‘‘Tivemos uma epidemia horrível ano passado e estamos correndo sérios riscos de enfrentar outra se a população não cooperar. É necessário lembrar da importância de limpar as casas e terrenos, não jogar o lixo nas ruas e tampar as caixas d’água, potes e depósitos que armazenam água. Essas pequenas atitudes podem salvar muitas vidas’’, lembra Juliana.
Tipos
A subcoordenadora alerta para outro fator que pode ser determinante no caso de um novo surto da doença, a provável chegada ao Brasil do tipo sorotipo nº 4, que foi detectado na Venezuela, país que faz fronteira com Roraima, estado da Região Norte. Como ainda não foi notificado nenhum caso da doença no Brasil referente ao sorotipo nº 4, as pessoas não tem imunidade. ‘‘Temos casos dos sorotipos 1, 2 e 3 e já sabemos como é. O problema é que como não tivemos nenhum caso do tipo 4, o organismo dos brasileiros não está preparado e todos estão suscetíveis a contrair a doença’’, disse. Os sintomas são basicamente os mesmos, porém a intensidade como cada pessoa vai desenvolver a doença é desconhecida. ‘‘Como não conhecemos o sorotipo fica mais complicado de tratar, por isso a importância de evitar a doença afastando o mosquito. Esse é um problema de todos’’, disse. Juliana explica que o RN conta atualmente com 2.548 agentes de endemias e 366 supervisores. ‘‘Durante o ano eles fazem seis ciclos, ou seja, visitam os imóveis a cada dois meses’’, afirma.
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