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sexta-feira, 8 de maio de 2009

Famílias de Ipanguaçu começam a voltar para casa



Sem chuvas há dois dias, as águas começaram a baixar em Ipanguaçu, a cidade mais afetada pelas enchentes dos rio Açu e Pataxó. Aos poucos as famílias levadas para escolas e ginásios estão de volta para casa e as aulas já podem ser reiniciadas na próxima segunda-feira caso a estiagem se prolongue até o final de semana. As informações são do ex-prefeito José de Deus. Em contato com a Tribuna do Norte, ontem no final da tarde, ele disse que já não existe mais água nas ruas e na zona rural a situação começa a se normalizar, exceção das comunidades Taboleiro Alto, Língua de Vaca, Porto e Picada.

Apesar da melhoria das condições climáticas e da volta para casa dos desabrigados e desalojados, o quadro de danos humanos e materiais da Defesa Civil, atualizado às 8h10 de ontem, apresentava os mesmos números do dia anterior em Ipanguaçu, isto é, 620 desalojados, 234 desabrigados e um total de 5.060 afetados pelas enchentes.

O total de afetados no Rio Grande do Norte subiu para 42.611 porque foram incluídas as 2.200 pessoas atingidas pelas cheias em Angicos, provocadas pela sangria do açude Novo Angicos. A Coordenadoria de Defesa Civil contabiliza também 251 casas danificadas ou destruídas em Alto do Rodrigues, outra cidade do Vale do Açu, fortemente castigada pelas enchentes deste ano.

O drama de quem deixou para trás a casa inundada vai muito além de simplesmente sair e procurar um lugar seguro para esperar a água abaixar. Nos abrigos, geralmente sediados em escolas, ginásios poliesportivos e outra áreas cedidas por particulares, o dia demora mais a passar e com isso, o desabrigado vai tentando se adaptar às condições de precariedade.

Em Itajá, seis famílias de desabrigados com 15 pessoas - nove adultos e seis crianças -, convivem com a falta de estrutura. Colchões espalhados pelo chão, ventiladores para todo os lados e lençóis servindo de divisória para os pequenos cômodos improvisados dão um ar de casa coletiva ao lugar onde estão recolhidos. A auxiliar de serviços gerais Rejane dos Santos, 45 anos, está desde a última sexta-feira, desalojada de sua casa, no Sítio Olho D’Água, bairro de Ipanguaçu que ficou alagado depois que o rio Pataxó encheu. Convivendo com o problema da cheia há vários anos, Rejane diz que as enchentes não têm solução. “Choveu praticamente o mês de abril todo. Tinham que fazer alguma coisa nos rios Pataxó e Piranhas-Açu”, disse à reportagem.

No barracão cedido por um comerciante, em colchões doados pelo Exército e Defesa Civil, dormem os três filhos que parecem não se incomodar com a presença da reportagem. Ao lado, dormem os filhos da doméstica Maria Lúcia do Nascimento, 46 anos, que mora no mesmo bairro- Olho D’Água. Desanimada e com ar de cansada, a doméstica disse que este ano o Pataxó subiu rápido demais. “Também acho que este problema das cheias nunca vai acabar. Todo ano é essa penitência e correria no meio do mundo depois que as águas sobem”. Ao lamento das duas mulheres se junta a desempregada Maria Andréa André Balbino, 24 anos, que está com a filha de um ano e cinco meses no colo. Morando na mesma casa da doméstica Maria Lúcia, a desempregada disse que no ano passado ficou num colégio. “ Este ano estamos aqui mais eu não sei até quando vamos ficar. Se chover mais um pouco (a previsão para maio é de mais chuvas até o dia 15) acho que não poderemos voltar tão cedo para casa”, disse desanimada.

Apesar do ambiente improvisado todos os demais parecem não se importar e dormem sossegados. Para comer, utilizam os alimentos doados através de cestas básicas obtidas em Ipanguaçu. Em outro imóvel cedido para desabrigados, às margens da BR-304, duas adolescentes trocam sorrisos balançando-se em uma rede.

A estudante Renata Queiroz, 17, mora no centro de Ipanguaçu e apesar de a casa em que mora não ter alagado, os pais optaram por mudar-se. “A casa ficou toda rodeada de água e meu pai achou melhor que nós saíssemos enquanto ele permaneceu no local.

Ministro garante retomar projeto de rodovia no Oeste

O ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, prometeu aos parlamentares federais do Rio Grande do Norte e aos prefeitos que se reuniram com ele na tarde de ontem, em Brasília, que a portaria liberando a realização do projeto de recuperação da BR-110 será publicada no dia 15 de maio. O trecho de 80 quilômetros, que necessita ser recuperado, é o que liga Mossoró a Campo Grande, passando pelo município de Upanema. A obra, segundo a prefeita de Upanema, Maria Stella Freire da Costa vai possibilitar a exploração do turismo e da produção agrícola da barragem de Umari. Na semana passada, as chuvas destruíram dois trecho da estrada, dificultando o acesso à cidade.

Segundo o ministro, o projeto de asfaltar a rodovia apresentou falhas técnicas e por isso foi devolvido à empresa responsável por sanar os problemas. Para a deputada federal Fátima Bezerra, que solicitou a audiência ao ministro, a expectativa agora é de que a obra seja iniciada no segundo semestre de 2009. A pavimentação vem sendo discutida em nível de governo há quase duas décadas.

Participaram da audiência as prefeitas de Messias Targino, Francisca Shirley; e de Upanema, Maria Estella; de Macaíba, Marília Dias; e o prefeito de Extremoz, Klaus Francisco do Rego. Dos parlamentares federais, que a deputada Fátima convidou, compareceram o senador Garibaldi Alves, a deputada Sandra Rosado, o deputado Betinho Rosado, e também o deputado estadual Valter Alves.
FONTE: Tribuna do Norte

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