Enquanto muitos municípios potiguares discutem a inclusão dos termos gênero e diversidade sexual no Plano Municipal de Educação (PME), o município de Ipanguaçu, já com seu plano aprovado, mobiliza a comunidade escolar e a sociedade civil na luta pelo diálogo e respeito no ambiente escolar e fora dele. Na última semana, de 11 a 13 de novembro, a cidade foi sede da 3ª edição do Seminário Ler Faz crescer, que trouxe como tema: “A terceira margem do rio: leituras do diverso, imagem do outro”.
Ocorrido no câmpus do IFRN-Ipanguaçu, educadores, especialistas e a comunidade acadêmica local, estadual e de outras unidades federativas como RS, CE e PB, fizeram parte de uma sequência de círculos de conversas sobre leitura, literatura, diversidade e direitos humanos.
O seminário recebeu 31 convidadas e convidados vindos de vários lugares do RN: Itajá, Assú, Mossoró e Natal, além de outros estados brasileiros, como Ceará, Paraíba e Rio Grande do Sul. A participação dos convidados foi fundamental no enriquecimento do seminário. “Foram compartilhados conosco os dias de luta, militância, dedicação, diálogo e até de embates em defesa da formação cidadã, da formação de leitores, da formação de um país melhor para nós, brasileiras e brasileiros. E tudo isso, evidentemente, passa pelo chão da escola”, afirma o prof. André Magri, coordenador do seminário.
A secretária de Educação do município, a professora Jeane Dantas, destaca que o seminário realizado promove uma importante discussão que deve ter início no ambiente escolar, e que essa discussão age com grande relevância no empoderamento da sociedade enquanto as amarras sociais ainda muito presente no contexto atual. “Nossos educadores tem papel fundamental na formação de nossos alunos. Não existe doutrinação, existe formação de uma sociedade consciente, de seus direitos e deveres, e para isso é necessário a formação enquanto leitores. Os muros das escolas estão rompidos há muito tempo, e a escola tem representatividade social, mas para isso é preciso saber como utilizá-la”, disse.
Durante os três dias, entraram nos ciclos de conversas a luta em defesa da formação de leitores, trazendo ao debate o valor da luta negra, a importância da educação na desconstrução de preconceitos e discriminações em relação às religiosidades e não-religiosidades que fogem ao cristianismo, como também a luta do empoderamento das mulheres e da população LGBTT.
A professora Marina Ridel, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, avalia o seminário como uma “forte política pública em defesa dos direitos humanos na sociedade”. O educador em língua materna, professor Alan Dantas, afirma que “este seminário em Ipanguaçu é vanguarda, é sinal de tempos de esperança e luta na construção de uma cidade de leitores potencialmente mais humanos”. A Elinadja Fonseca, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará, destacou o “caráter multicultural e abrangente do seminário, o que contribui com o fortalecimento da formação docente dos participantes”, ao passo que a estudante Carolina Porto, da Universidade Federal da Paraíba, encara a ação como “espaço indispensável e empoderador das populações marginalizadas socialmente no país”.
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