O papa Francisco admitiu hoje (7) as dificuldades do cargo em Roma, perante milhares de jovens alunos e professores de escolas jesuítas, afirmando que não queria realmente tornar-se o chefe da Igreja Católica. Respondendo à pergunta de uma das crianças, o novo papa, eleito a 13 de março deste ano, explicou em tom informal: “Deus não teria abençoado alguém que quisesse, que tivesse vontade de ser papa. Eu não queria ser papa”.
O ex-arcebispo de Buenos Aires, ele mesmo procedente da ordem dos jesuítas, recebeu hoje mais de nove mil pessoas, alunos de escolas jesuítas e as respectivas famílias, antigos alunos e professores da Itália e da Albânia, e respondeu, de forma improvisada e com a sua habitual simpatia, às perguntas, muitas vezes diretas e ingênuas, feitas pelas crianças.
Perguntado sobre sua recusa em instalar-se no apartamento pontifical, o papa Francisco respondeu: “Uma vez, um professor colocou-me a mesma questão, e eu lhe disse ‘por motivos psiquiátricos’”. “Para mim, é um problema de personalidade, preciso de viver rodeado de pessoas, não posso viver sozinho.” Sorrindo, ele disse que não seria bom ficar isolado no apartamento pontifical.
A propósito da sua renúncia a alguns benefícios associados ao cargo, Francisco insurgiu-se contra a persistência de grandes injustiças e disse: “Neste mundo que oferece tantas riquezas, tantos recursos, suficientes para alimentar toda a gente, não se compreende que ainda haja tantas crianças esfomeadas, sem educação, tantos pobres”.
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