Agricultores de Ipanguaçu/RN e estudantes do Câmpus Ipanguaçu
O Núcleo de Estudos em Agroecologia-NEA/IFRN Câmpus Ipanguaçu, em parceria com a Prefeitura de Ipanguaçu/RN, através do projeto de extensão “Construção dialógica de saberes agroecológicos e resgate da cultura camponesa”, promoveu na última quinta-feira (31/01), nos municípios de Caraúbas e Umarizal, visita de intercâmbio a um grupo de agricultores do Projeto de Assentamento Pedro Ezequiel de Araújo, a professores e a bolsistas do NEA.
O grupo foi recebido pela Organização Não-Governamental DIACONIA, que apoia experiências agroecológicas e desenvolve ações efetivas que visam à soberania, segurança alimentar e hídricas das populações assessoradas.
O intercâmbio possibilitou conhecer técnicas de base agroecológicas e tecnologia sustentáveis de convivência com o semiárido, dentre as quais podemos citar: os quintais produtivos, que além de se propiciar fonte alimentar diversificada para a família, constitui-se um banco de proteínas que fornece alimento para os animais. Do banco de proteína, o que mais chamou a atenção dos agricultores foi a leguminosa Gliricídia que além do alto teor de proteína nas suas folhas, em torno de 25%, fixa o nitrogênio do solo, e tem boa aceitabilidade como alimento para o gado.
“Para nós é uma grande novidade. Vou levar algumas estacas para o plantio em nosso assentamento. Quando vocês forem nos visitar, já encontrarão a gliricídia produzindo e alimento nosso rebanho”, disse Veridiano, agricultor do assentamento Pedro Ezequiel, que fica localizado na Zona Rural de Ipanguaçu.
Outra tecnologia de bastante interesse por parte dos agricultores foi o biodigestor sertanejo. Através dessa tecnologia, é possível produzir gás de cozinha, através do tratamento do esterco dos animais, possibilitando as famílias uma renda extra anteriormente usada para comprar gás de cozinha; ao mesmo tempo, reduzem a pressão para a lenha no ameaçado bioma da Caatinga.O biodigestor sertanejo venceu o Prêmio Caixa Melhores Práticas (2011/2012) e foi através dessa participação que passou a fazer parte do Banco de Dados da ONU/Habitat.
O intercâmbio possibilitou ainda aos agricultores, alunos e professores conhecer de perto as barragens subterrâneas, que criam pequenas ilhas de solo fértil pelo represamento de pequenos intermitentes riachos subterrâneos, assim como as barragens sucessivas, no leito do rio, fator que impulsionou também a prática da agricultura irrigada, com o cultivo de hortaliças, frutas, capim, entre outras culturas. Tais experiências encontram-se fortemente afetadas pela escassez de chuvas na região.
Em suma, o intercâmbio possibilitou o conhecimento e a apropriação, sobretudo por parte dos agricultores, de uma combinação de diferentes tecnologias socioambientais de baixo custo, capazes de possibilitar às famílias o suprimento de suas necessidades durante o período de seca, melhorando os meios de vida sustentáveis das mesmas.
Antes do intercâmbio, alunos e professores puderam, através da investigação participativa, conhecer e apreender os sistemas de produção desenvolvidos pelos agricultores do assentamento Pedro Ezequiel. O próximo passo será a apropriação por parte destes de técnicas de base sustentáveis através da realização de dias de campo, nos dias 21 e 22 deste, ministradas pelos alunos bolsistas do NEA.
Acredita-se que através de ações como estas desenvolvidas pelo NEA/IFRN, contribuir para impulsionar novos processos de transição agroecológica rumo a sistemas produtivos sustentáveis em áreas de agricultura familiar no município de Ipanguaçu.
Fonte: Portal do IFRN
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