Os brasileiros ainda não aprenderam com o velho ditado popular — consagrado na música Faca que não corta, de Tião Carreiro e Pardinho — que diz: “Dinheiro emprestado é um grande perigo, a gente perde o dinheiro e também perde o amigo”. As sábias palavras ganham relevância quando se olha para as pesquisas que traçam o perfil dos inadimplentes no país. A camaradagem com familiares e conhecidos é o terceiro motivo que mais leva consumidores a ficarem com o nome sujo na praça, atrás apenas do descontrole de gastos e do desemprego. Na lista de favores, estão pegar empréstimo para pai, mãe, irmãos, primos e o amigo do peito, ceder a eles o cartão de crédito e ser fiador ou avalista de um contrato de aluguel e de um financiamento de carro.
“O problema é grande, e tende a se agravar nos próximos anos. Logo, nós veremos a inadimplência relacionada a relações familiares e de amizade ocupar o primeiro lugar na lista de devedores”, adverte o educador financeiro Reinaldo Domingos, presidente do Instituto DSOP. “Trata-se de um fato gravíssimo”, diz. Responsável pelas pesquisas que mostram o forte crescimento do calote causado por terceiros, Fernando Cosenza, diretor de Inovação e Sustentabilidade da Boa Vista Serviços, administradora do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC), alerta que o hábito de emprestar o nome para empréstimos e financiamentos está arraigado à cultura nacional e não encontra paralelo em outros países, sobretudo nos de economia mais desenvolvida.
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