Por Cezar Alves - Jornal De Fato
As cidades de Assú, Itajá e Guamaré, todas situadas no Vale do Açu, vinham sofrendo havia vários anos com a atuação de um grupo de extermínio que mandava e desmandava na região. Parte dos investigados foi presa na quinta-feira passada, 31, com mais de 20 armas de fogo. A suspeita é que a quadrilha esteja por trás de dezenas de assassinatos cometidos por motivos diversos, desde rixas fúteis até queimas de arquivo. Famílias inteiras praticamente foram dizimadas pelo grupo.
O delegado Odilon Teodósio, diretor da Divisão de Polícia do Oeste (DIVIPOE), é o responsável pelas investigações contra a quadrilha e diz ter indícios suficientes de que a atuação do bando se enquadra no perfil de um grupo de extermínio. Esse tipo de organização criminosa é formado basicamente por matadores de aluguel que atuam hoje em praticamente todo o Brasil, assemelhando-se aos jagunços. Esses grupos geralmente são compostos por integrantes ou ex-integrantes das forças de segurança. No Vale do Açu, no entanto, ainda não há confirmação que haja tal envolvimento.
Dos 11 suspeitos que foram presos na quinta, apenas um deles possuía ligação direta com o poder público, que é Odelmo de Moura Rodrigues, presidente da Câmara Municipal de Assú. Na casa dele foram apreendidas duas armas e várias balas, assim como ocorreu com o restante dos suspeitos que foram presos. Odilon Teodósio confirma que o vereador também é investigado sob suspeita de participação nos assassinatos cometidos pela quadrilha no Vale do Açu, destacando-se como um dos mais influentes no grupo. Ele foi liberado, após pagar uma fiança de 30 salários míni-mos.
Ao ser questionado sobre a quantidade exata de crimes cometidos pelo grupo de extermínio do Vale do Açu, o delegado diz não ter como precisar, alegando que a investigação está no início. "Números exatos eu não daria, mas são dezenas. Se eu disser um número exato, posso incorrer em um erro, mas são dezenas na região", destaca Odilon Teodósio, acrescentando que os motivos são diversos. "Desde uma rixa simples, até por uma queima de arquivo. Trabalhou para grupo de extermínio, a partir do momento que você não serve mais, você é descartado", frisa, mostrando o perigo do bando.
"É um verdadeiro grupo de extermínio, matadores mesmo. Pode ser por queima de arquivo, assuntos diversos, em nome de A, B ou C... Famílias chegaram a quase ser dizimadas. O povo de Assú sabe, o povo de Itajá sabe... Falar... Eu sei que ninguém tem coragem, porque, na verdade, toda e qualquer pessoa que der um depoimento num inquérito como esse, com certeza passaria a ter risco de vida, com certeza teria que ir embora da região de Assú. Não é respeitada a vida de quem quer que seja", acrescenta o diretor da Divipoe, reforçando o grau de perigo que o bando pode representar.
Operação Mal-Assombro
A Operação Mal-Assombro foi realizada na quinta-feira passada, 31, nas cidades de Assú, Itajá e Guamaré, todas na região do Vale do Açu. Foram apreendidas 21 armas de fogo, balas de diversos calibres, inclusive de uso proibido, além de documentos na residência do presidente da Câmara Municipal de Assú, vereador Odelmo Rodrigues de Moura, um dos alvos da operação.
Foram presos em flagrante, por posse ou porte ilegal de arma de fogo e munição, além do presidente da Câmara de Assú: Francisco Cesar da Silva; José Josemar da Silva; Magno Valério Silva Florentino; Teófilo Fonseca Neto; Lindomar Adelino da Fonseca; Seginaldo Batista da Silva; Evandro Fonseca de Oliveira; e Luiz de França da Fonseca Filho.
Ao término da operação, que envolveu policiais civis e membros do Ministério Público Estadual, foram cumpridos 21 mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão.
Segundo o delegado-geral da Polícia Civil do RN, Fábio Rogério, a operação foi batizada como "Mal-Assombro" devido o terror que era imposto pela quadrilha no Vale do Açu, que literalmente assombrava os moradores.
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