Oempresário e advogado Anderson Miguel, proprietário da A&G Locação de Mão de Obra, foi assassinado ontem com três tiros. Ele é um dos réus na Operação Higia - suposto esquema de desvio de verba pública e fraude em licitações nos contratos de higienização hospitalar e locação de mão-de-obra, na gestão da ex-governadora Wilma de Faria. O crime aconteceu por volta das 17h, em seu escritório localizado na Avenida Miguel Castro e segundo o comandante do policiamento Metropolitano, Alarico Azevedo, ele foi morto com três tiros. Anderson Miguel era apontado como pivô do suposto esquema de corrupção e, em novembro do ano passado, fez revelações "bombásticas" durante seu depoimento à Justiça Federal, envolvendo, entre outras pessoas, a ex-governadora e seu filho, Lauro Maia.
Anderson implicou vários políticos em suposto esquema de corrupção na Saúde. Foto: Ana Amaral/DN/D.A Press |
De acordo com testemunhas, dois homens desceram de um Siena branco e entraram no escritório de Anderson, se dirigindo direto à sala do empresário. Após efetuarem três tiros, os dois fugiram do local. Cerca de uma hora depois do crime, policiais da Rocam prenderam um suspeito no bairro Planalto, com base nas características apresentadas por testemunhas. O homem estava num veículo semelhante ao descrito, com uma camisa preta e sem os dentes da frente.
No processo judicial da operação Hígia, diante do juiz Mário Jambo, Anderson Miguel afirmou que chegou a pagar R$ 3 milhões em propina para que fossem facilitados os pagamentos do contrato firmado entre sua empresa, A&G Locação de Mão de Obra e a Secretaria Estadual de Saúde.
Segundo o réu, a destinação final desse dinheiro era o filho da ex-governadora, Lauro Maia e o ex-secretário da Casa Civil e de Planejamento e Finanças, Vagner Araújo, um dos homens de confiança da administração de Wilma e candidato a vice-governador na chapa do PSB em 2010.
Durante o interrogatório, o empresário disse que quem ia buscar esses valores em seu escritório para levá-los aos destinatários eram o ex-secretário adjunto de Esporte e Lazer do estado, João Henrique Lins BahiaNeto, o jornalista Diógenes Dantas, o irmão da ex-governadora, Fernando Faria e o ex-prefeito de Macaíba, Luiz Gonzaga. O réu ainda declarou, em seu interrogatório, que o deputado Wober Junior, na época chefe do Gabinete Civil, chegou a solicitar o repasse de 15% do valor de um contrato de mão de obra para o SAMU, o que representaria cerca de R$ 40 mil.
Como funcionava o esquema
O Ministério Público Federal afirma que o filho da governadora, o advogado Lauro Maia, exercia forte influência nos órgãos do estado, favorecendo os interesses das empresas envolvidas na fraude. Ele seria tanto consultado como apoiado pelo, na época, secretário adjunto da Secretaria Estadual de Esporte e Lazer, João Henrique Lins Bahia Neto. A Polícia Federal chegou a registrar encontros de Lauro Maia na residência oficial da governadora para, possivelmente, receber valores de propina. A procuradora do estado, Rosa Maria Caldas, teria sido uma peça chave para que a contratação e a prorrogação fraudulenta fossem bem sucedidas. O MPF declarou que ela dava "aparência de legalidade" à celebração dos contratos em troca de vantagem indevida.
A movimentação financeira de valores altos na conta de Rosa Maria foi constatada pelos documentos apreendidos durante diligência de busca e apreensão. O MPF alegou que ela utilizou a conta corrente de um filho para tentar ocultar os valores provenientes do esquema, caracterizando o crime de lavagem de dinheiro. A Operação Hígia foi deflagrada em junho de 2008 e na ocasião foram cumpridos 13 mandados de prisão e 42 buscas e apreensões no Rio Grande do Norte e na Paraíba.
Fonte: Jussara Correia
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