À medida que o nível de água do rio Piranhas/Açu vai baixando, aumenta o nível de poluição por agrotóxico e, principalmente, por esgotos residenciais e lavagens de carros e banhos de animais.
A informação é da doutora em ciências biológicas Andréia Lessa, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN). A cidade do Alto do Rodrigues está entre os maiores poluidores do rio Piranhas/Açu.
A bacia hidrográfica Piranhas/Açu começa na região de Santa Fé, na Paraíba. Abastece o maior reservatório daquele Estado, no caso o Coremas, e o maior do Rio Grande do Norte, a barragem Armando Ribeiro Gonçalves.
O primeiro armazena 1,3 bilhão de metros cúbicos de água, e o segundo, 2,4 bilhões de metros cúbicos de água, sendo considerados fundamentais nas duas regiões.
São responsáveis pelo abastecimento de mais de 1,5 milhão de habitantes nos dois Estados. Mossoró está entre as cidades abastecidas. É também fonte de captação de água para irrigação, só no Rio Grande do Norte, para uma área superior a 30 mil hectares, além de grandes empreendimentos, como a Termoaçu, instalados no Alto do Rodrigues.
Mas, toda essa importância, segundo Andréia Lessa, parece não despertar as autoridades de governo, no sentido de preservar o manancial hídrico, deixando as cidades sem saneamento básico, sem conscientizar as pessoas para preservar o rio e impedir a pulverização das áreas de agricultura irrigada. "Já faz sete anos que denunciamos isso", diz Andréia Lessa.
A pesquisadora reconhece, no entanto, que nesse período pelo menos houve um pequeno avanço no sentido de criar o Comitê Gestor do Rio Piranhas/Açu. "Esse mecanismo administrativo foi criado pelo presidente Lula, em dezembro de 2006, e recentemente foi instalado, mas ainda não conseguiu entrar em atividade de fato", lamenta Andréia Lessa.
Entre as cidades que mais poluem o rio Piranhas/Açu está Alto do Rodrigues, onde todos os esgotos residenciais são jogados no leito do rio Piranhas/Açu. "Esses esgotos a céu aberto causam inúmeros tipos de doenças em crianças e idosos. Ao escoar para dentro do rio, contamina a água com coliforme fecal, além de reduzir as espécies de peixes", explica.
Segundo Francisca Andréia de Medeiros, dona-de-casa residente no Centro do Alto do Rodrigues, os esgotos fazem surgir muriçocas, "e às vezes a catinga entra na casa da gente", reclama, mostrando os esgotos que se acumulam na rua de sua casa. "Estes esgotos deveriam ser canalizados para bacia de estabilização por tubulações soterradas."
Para a pesquisadora, o Alto do Rodrigues é uma das cidades que mais poluem o rio no trecho entre a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves e o Oceano Atlântico. "Estas obras de saneamento precisam ser feitas e bem-feitas. Lá em Pendências há muitas ligações residenciais que não foram feitas e os esgotos continuam sendo jogados no leito do rio", reclama a professora.
Fonte: Com informação do Defato
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